domingo, 3 de fevereiro de 2013

desperceba

Talvez os despercebidos sejam mais felizes.
A vida passa e com ela passam os problemas, sendo que só reparam naquilo que os atingem diretamente. Não param para filosofar, a metafísica dos despercebidos é a realidade; é o dia-a-dia, o planejamento banal da vida.
Os despercebidos passam no mundo como se a vida realmente fosse uma grande alegria, vivem cada momento da maneira que devem viver.
A filosofia dos despercebidos é o papo de bar, a política, o futebol, a carreira, mulheres.
Não procuram engradecimento. Acreditam nos sonhos, e por mais longe que pareçam estar deles, ao mesmo tempo sentem-se realizados. Moldam seus sonhos de acordo com sua realidade, despercebida.

Pode-se confundir os despercebidos com os ignorantes. Isto está errado.
A ignorância é uma dádiva. Aquilo que não se escolhe saber ou conhecer é simples, é palpável; todos nós devemos nos dar ao ''prazer'' da ignorância, a arte de dar risada sobre política, física, astronomia, engenharia, arte...

Aos que percebem. Meus pêsames. Aos que filosofam, idem. Aos que se incomodam com o simples fato de existir, aos que sentem a verdadeira angústia da metafísica, aos que se incomodam com a obrigação da vida, de ser livre.
Segundo Voltaire, o homem que não fosse capaz de rir, se enforcaria.
E ainda, afirma que não há sentido em existir, em viver, que a vida é composta por distrações, que ocupam a mente dos que percebem, sentem, pensam.

A cada abrir da janela. A cada dia cinza. A cada sorriso que despertam em mim, percebo que vale a pena estar vivo. E apesar de viver ser muito difícil, acredito que somos capazes de eternizarmos nós mesmos em cada instante memorável, em cada paixão que aquece o peito.

Invejo os despercebidos.
Talvez eles pudessem ensinar a verdadeira arte de viver.
Ou talvez os que percebem os pudessem ensinar a pensar.
Não. A filosofia não sustenta o amor, a felicidade. Quanto mais a vida.
A cada beijo, despercebo o mundo.
A cada sorriso, juro viver pra sempre.
A cada suspiro, sinto, simplesmente.
Talvez despercebamos juntos o que é estar vivo. E assim, somos.



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